Saindo do fundo do poço parece representar bem o contexto atual da economia brasileira. Vejamos o comportamento de alguns importantes agregados macroeconômicos e outros eventos importantes do ano.
PIB
O PIB começa a sair do buraco, este ano projeta-se um crescimento de 1% (Pibinho), que é uma excelente notícia se olharmos para o retrovisor e vislumbramos 3 anos de recessão. No entanto, o problema é o tamanho do crescimento, ao olhar com um pouco mais de cuidado vemos que o resultado é muito ruim.
Para fins de comparação em 2009 em meio a tão alardeada “Crise financeira internacional”, curiosamente apontada por alguns políticos brasileiros como a culpa de todos os problemas do universo, o crescimento da economia foi de 0,2%. O ano de recuperação que veio em 2010, trouxe um crescimento robusto de 7,5%.
Em 2015 decrescemos (3,8%) e em 2016 (3,6%), somados ao PIB nulo de 2014, temos em três anos um encolhimento de 7,4% do PIB. O seja, o resultado de 2017 está aquém do crescimento potencial. Moral da história, o fundo do poço chegou e estamos começando a subir, mesmo que lentamente.
INFLAÇÃO
Com uma recessão de 3 anos (queda no PIB de 7,4%), era de se esperar que a inflação despencasse no período. Projeta-se uma inflação para 2017 de 2,29% e a perspectiva para 2018 (4,44%), considerando-se o IPCA.
Muito teríamos a comemorar se tal acomodação no nível de preços derivasse da ampliação da oferta, expansão da capacidade produtiva de bens e serviços e maior abertura a concorrência externa. No entanto, vivenciamos uma desinflação de demanda, ou seja, quando a economia esquentar novamente, sem o devido equilíbrio nas contas públicas os preços tenderão a elevar-se novamente.
A Taxa básica de juros atingiu o piso histórico 7% a.a. desde a implantação do regime de metas de inflação em 1999. Esse talvez seja um dos pontos mais favoráveis do ano. Os juros mais baixos favorecem o investimento e o consumo, sem falar no impacto nas contas públicas.
Consideremos a redução ocorrida em agosto na taxa SELIC de 0,75 p.p., tal redução gerou uma economia de R$ 7,85 Bilhões de reais de gastos com a dívida pública no ano. Para fins de comparação, o montante em 2016 o gasto com o Programa Bolsa Família foi de R$ 26,9 bilhões, ou seja, a redução com juros representa 30% do gasto com o Programa Bolsa Família em 2016.
EMPREGO
A tímida reação da economia gerou um efeito positivo no mercado de trabalho com a criação de 299.635 vagas.
REFORMAS
Falta de clareza nas discussões e de força política do Governo limitaram o impacto de tais propostas
PRIVATIZAÇÕES
Para fazer frente ao déficit primário o governo recorreu a um plano de desestatização, e várias propostas de privatização foram apresentas.
De forma concreta em 2017 pode-se pontuar alguns leilões, usinas da Cemig que totalizaram R$ 12,1 bilhões, bem como campos de exploração de petróleo e outros projetos menores, no ano foram arrecadados R$ 31,4 bilhões com leilões e concessões.
OPERAÇÃO CARNE FRACA
O capitalismo de compadres brasileiros há alguns anos já mostrava suas limitações e vícios, vide aportes de recursos públicos no Grupo X, Oi Telemar, etc. Outro exemplo da promiscuidade deste processo foi fornecido pela operação “Carne Franca” que trouxe a luz, escândalos relacionados ao financiamento e relações político-empresarias suspeitas, envolvendo um dos maiores frigoríficos do Brasil.
BITCOIN
A moeda virtual apresentou um crescimento de seu valor em mais de 16 vezes em 2017. O que tem atraído muitos investidores de primeira viagem e até promessas de ganhos certos (Pirâmides Financeiras). Tal nível de valorização tem estimulado a entrada de novos investidores, e o aumento da demanda tem pressionado o preço da moeda. No entanto, a história mostra que mais dia, menos dia a bolha estoura.
OUTROS FATORES
Poderíamos citar outros fatores, tais como saque do FGTS, REFIS, Contingenciamento nas contas públicas, Crise nos Estados, etc.
De maneira geral, estamos saindo do poço, e sairemos em breve se o ambiente político não atrapalhar o econômico.
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