O país de um futuro que nunca chega


O Brasil tem vivido anos turbulentos nas searas social, política e econômica. Ampliação da violência, crise no fornecimento de serviços públicos, falta de credibilidade e representatividade na política e uma crise econômica persistente são o retrato do nosso dia a dia.

Na margem deste cenário, uma pesquisa divulgada recentemente pelo Ministério da Educação MEC lança em rosto as raízes estruturais “da crise” brasileira, o Censo Escolar 2017.

Todos estão cansados de ouvir falar que investir em educação é investir no futuro, que a produtividade do trabalhador brasileiro está aquém de nossos pares ao redor do mundo. Todavia apesar de não existir dúvidas sobre o papel da educação para a construção de uma nação, continuamos nossa caminhada pela melhoria educação com o freio de mão puxado.

Se olharmos para o passado, algumas décadas atrás, a Coreia do Sul era um dos países mais pobres do mundo, arrasado por uma guerra. No entanto décadas depois tal país é uma nação desenvolvida com um PIB per capita três vezes maior que o brasileiro. Qual foi o segredo da Coreia do Sul e de outros países ao redor do mundo? A educação. Ainda na década de 1960 aquele país conseguiu universalizar a educação básica, nas décadas seguintes avançou no ensino médio e superior. Não por acaso, muitos dos produtos de alta tecnologia que consumimos são originários da Coreia do Sul, o país é referência nesta área.

Ou seja, razões e exemplos não faltam para mobilizar o país em prol da educação. Porém ainda convivemos com a triste realidade apontada pelo Censo 2017, vejamos alguns indicadores do nosso ensino fundamental:

 58,4% das escolas não contam com rede de esgoto
 34,2% não possuem abastecimento regular de água
 10% das escolas não possuem água, energia ou esgoto
 53,2% das escolas não dispõem de laboratórios de informática
 45,7% das escolas não possuem biblioteca ou sala de leitura

Como melhorar os indicadores educacionais quando sequer temos a infraestrutura mínima?Como avançar na ciência, tecnologia e inovação quando uma estrutura minimamente aceitável é negada a grande parte dos estudantes brasileiros?

Estamos falando apenas da parte física do problema, ainda temos outro desafio que é a qualificação do profissional da educação. Para piorar o governo para contornar a crise fiscal tem cortado e contingenciado o gasto público, dentre eles o gasto em educação. 

Neste contexto, ou começamos a levar a sério o tema e demandar e acompanhar dos representantes no executivo e legislativo ações específicas para o desenvolvimento da educação ou continuaremos sempre o “País do futuro” que nunca chega. 

O investimento de forma sustentável na educação passa por uma redistribuição dos tributos, o governo federal tem repassado responsabilidades para os municípios, sem a contrapartida financeira. Todavia é necessário o aprimoramento dos mecanismos de controle de recursos na esfera municipal, pois é nesta esfera que boa parte dos recursos são mal versados.


Deixe sua opinião sobre o que é necessário para melhorar a educação no país...

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