As vendas diretas e o comércio ambulante continuam em alta na cidade do Recife. Estas foram as conclusões de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa da Faculdade Maurício de Nassau (IPFMN), cujo resultado apontou que 69% dos recifenses adquirem produtos dos camelôs com frequência e 45% fazem compras pelo canal de venda direta.
O instituto entrevistou 624 moradores da cidade entre os dias 7 e 8 de março e chegou a conclusões interessantes sobre a pesquisa “Economia Invisível”. Pelo levantamento, os cosméticos lideram o ranking de produtos vendidos através da venda direta. Em segundo lugar aparecem os hortifruti (frutas, legumes, verduras), com 10%, seguidos do gás de cozinha (9%).
Angelita Lima, consultora de cosméticos de uma conhecida rede nacional, sabe bem o significado da venda direta. Há cinco anos, herdou o posto de uma filha que se mudou para o Rio de Janeiro. Ela conta que se identificou com o público e, desde então, vem elevando a cartela de aproximadamente 50 clientes. Segundo ela, por mês dá para faturar, em média, um salário mínimo e meio (R$ 933). Isso quando não ocorrem datas comemorativas.
“A maioria dos meus clientes é da classe B e geralmente o valor das compras não é tão elevado. Mas uma compra grande cobre uma pequena e assim dá para ter um faturamento razoável”, diz. Na análise do IPFMN, mais da metade das compras realizadas por venda direta está abaixo dos R$ 50. “Nas datas comemorativas, a procura é maior e, junto com as promoções, o caixa aumenta bastante”, conta Angelita. Para isso, os contatos são essenciais para o sucesso do negócio.
“Os resultados da pesquisa podem evidenciar a importância de tais segmentos e orientar políticas para agregação de competitividade, formalização e profissionalização desse tipo de comércio tão antigo”, explica Djalma Guimarães, coordenador da pesquisa e economista do instituto. Para os entrevistados, a confiança na compra entre cliente e vendedor e as facilidades de pagamento são as principais vantagens nas vendas diretas.
Ambulantes
No comércio ambulante, o Recife provou manter o título de cidade dos mascates. Pelo relatório, 69% dos recifenses compram produtos dos camelôs frequentemente. Dos itens escolhidos, CDs e DVDs, a maioria pirata, disparam na frente comos os mais vendidos. Alimentação e bebidas ficam em segundo lugar e, em terceiro, produtos “genéricos” de grifes de roupas, bolsas e relógios. Em média, os compradores gastam até R$ 25 por mês com a compra da itens vendidos por ambulantes.
“O consumidor do Recife não está preocupado em consumir produtos de origem duvidosa. O mesmo acontece com a qualidade dos alimentos, que também não é confiável. O que mostra que o consumidor está mais preocupado com o preço do que com a qualidade”, explica Guimarães. Ele diz que a compra desses produtos é uma questão cultural e independe de classe social.
De acordo com a amostra, a emergente classe C lidera as compras no comércio ambulante com 71,1%, seguida dos compradores da classe D (56,6%). Já a classe A contribui com 52,4% dos indivíduos e, na classe B, o índice sobe para 69,9%. “O aumento da renda da classe C pode alavancar as vendas deste mercado, caso os empresários consigam atender às novas demandas deste grupo de consumidores, bem como fidelizar a atual clientela”, completa Guimarães.
Por Augusto Freitas, da equipe do Diario
Fonte: Diário de Pernambuco
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